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A reciclagem automotiva é regra em muitos países, mas o Brasil segue na contramão e acumula veículos abandonados, que geram poluição e doenças
Qual o destino correto de veículos que já atingiram sua vida útil ou precisam sair de circulação? O avanço global dos carros elétricos e autônomos torna a solução para esse antigo problema ainda mais urgente.
Enquanto 100% dos carros nessas condições nos Estados Unidos vão para reciclagem, no Brasil muitos seguem abandonados pelas ruas, em desmanches ou pátios, causando prejuízos ambientais irreparáveis, como contaminação do solo e da água, além de ameaças à saúde pública com a proliferação de doenças como a dengue.
Entre 2019 e 2020, a Prefeitura de São Paulo recebeu 67.794 solicitações de averiguação para veículos abandonados, sendo que 4.138 foram recolhidos das ruas.
No Estado de São Paulo, a Lei Nº 15.276, criada em 2014, decreta que os veículos que se tornarem inviáveis devem ter suas peças recuperadas. O objetivo é regulamentar de forma rígida o mercado de empresas que tenham interesse na reciclagem. O surgimento desse mercado poderia reduzir golpes em seguradoras, desmanches e oficinas clandestinas que impulsionam os roubos e furtos de carros em todo o país.
Em nível nacional, o Projeto de Lei nº 4121, de 2020, do senador Confúcio Moura (MDB-RO) busca alterar a Política Nacional de Resíduos Sólidos para incluir normas e incentivos a uma logística reversa no setor de descarte de veículos.
Apesar dessas iniciativas, a avaliação dos especialistas é a de que o debate sobre a reciclagem de produtos automotivos no Brasil está perigosamente atrasado.
“É preciso ter mais conscientização quanto aos danos ambientais e os benefícios da reciclagem automotiva, mais interligação entre governo, sociedade, ONGs e empresas para tornarmos leis e projetos vigentes”, afirma Daniel Schnaider, presidente da Pointer by PowerFleet Brasil, uma empresa de consultoria para gestão de frotas.
Schnaider ressalta que no Brasil, carros alienados por seguradoras já conseguem alcançar um reuso de 85% de suas peças, que voltam ao mercado de forma rastreável, com custos reduzidos e otimização de soluções para o descarte adequado. Para ele, a reciclagem de veículos é o caminho correto para o país, considerando a grande quantidade de frotas existentes no Brasil e o destino que as peças podem receber no mercado de carros usados.
“A Comissão Europeia, por exemplo, declarou uma lei principal diretiva sobre veículos em fim de vida, que está em vigor desde setembro de 2000. Com o Acordo Verde europeu, a estimativa é de que 93% das peças sejam reaproveitadas”, completa.
Conheça os 5 Rs da reciclagem e faça a sua parte!
Reciclagem da sucata
Veículos podem ser reciclados de diferentes formas de acordo com seus materiais. As mais utilizadas são:
Reúso: significa tirar componentes de um veículo que está no final do seu ciclo útil para utilizá-lo em outro com a mesma função ou reaproveitá-los em outros tipos de reciclagem para novas peças.
Reciclagem energética: ainda é bastante desafiadora por conta de seus poluentes, no entanto pode ser muito vantajosa para a indústria.
Reciclagem química: visa recuperar os compostos químicos, possível com a quebra parcial ou total das moléculas de resíduos plásticos selecionados para utilizá-los como matéria-prima secundária na produção de novos materiais.
Reciclagem mecânica: fecha o ciclo de reciclagem de um produto, pois consiste no reprocessamento dos materiais transformando-o em matéria-prima para gerar o mesmo produto ou um novo.
Usados, sim, e ainda muito úteis!