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A Bacia Amazônica está enfrentando um de seus períodos mais severos de recessão de águas, com diversos rios batendo recordes históricos de mínimas. O mais recente Boletim de Alerta Hidrológico da Bacia do Amazonas, emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), traz um panorama preocupante, destacando as cotas mínimas em rios como o Solimões, Negro, Branco e Madeira. O cenário atual não apenas reforça o impacto das mudanças climáticas na região, mas também indica a possibilidade de novos recordes de vazante nos próximos meses.
Fonte: Gettyimagens
Recordes históricos de vazante em 2024:
Abaixo, estão os principais rios que já atingiram ou estão prestes a registrar cotas mínimas inéditas na história:
- Rio Madeira (Porto Velho): Um dos casos mais críticos da atual vazante, o rio Madeira atingiu, no dia 11 de setembro de 2024, a marca de 60 cm, o menor valor registrado desde o início da série histórica em 1967. Com base nas previsões atuais, o rio pode atingir níveis ainda mais baixos, agravando a situação na capital de Rondônia.
- Rio Solimões (Tabatinga): O Solimões já está em situação extrema. Em 13 de setembro de 2024, o rio registrou a cota de -179 cm, a mais baixa de toda a série de dados, superando o recorde anterior de -86 cm, observado em 2010. Com a previsão de continuidade da recessão, a expectativa é de que essa marca seja mantida ou até mesmo superada nas próximas semanas.
- Rio Negro (Manaus): Embora o rio Negro ainda não tenha atingido o recorde absoluto de mínima, que é de 54 cm, registrado em setembro de 2021, a atual cota de 1675 cm, verificada em 13 de setembro de 2024, está significativamente abaixo da média histórica. Em Manaus, o rio já está 3,70 m abaixo da normalidade para este período, e há possibilidade de o nível continuar caindo, o que pode levar a um novo recorde de mínima até o final de 2024.
- Rio Branco (Boa Vista): Na estação de monitoramento de Boa Vista, o Rio Branco também está em queda, com uma recessão diária de 14 cm. Embora ainda dentro da normalidade, a expectativa é que o nível continue a baixar nas próximas semanas, aproximando-se de marcas históricas mínimas observadas anteriormente.
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Figura 1- Cotas recordes Fonte: SGB
Comparações com recordes históricos
Ao analisar os dados apresentados no boletim, fica claro que a vazante de 2024 já está se aproximando ou superando recordes históricos em várias bacias. Comparando com os níveis máximos e mínimos de anos anteriores, temos:
- Rio Negro (Manaus): O recorde de cheia foi registrado em 2021, com 3002 cm. Atualmente, a diferença entre o nível máximo histórico e o valor registrado em setembro de 2024 é de -1327 cm, um indicativo claro da gravidade da vazante. Se o rio continuar a descer, pode estabelecer um novo recorde de mínima.
- Rio Solimões (Tabatinga): Em comparação com o recorde de cheia de 1382 cm registrado em 1999, o nível atual de -179 cm representa uma recessão extrema de 1561 cm. Esse dado torna a atual vazante uma das mais severas já observadas na história recente da bacia.
- Rio Madeira (Porto Velho): O nível mais baixo antes de 2024 foi registrado em 1967, com 110 cm. O valor atual de 60 cm já superou esse recorde, colocando o Madeira em uma situação crítica para a navegação e o abastecimento.
Possíveis novos recordes
As previsões hidrológicas para os próximos meses indicam que, se o padrão de recessão se mantiver, vários rios podem alcançar ou até mesmo superar seus recordes mínimos históricos. Alguns dos rios em observação incluem:
- Rio Solimões (Manacapuru): Com descidas diárias de até 25 cm, o rio está a caminho de registrar cotas mínimas nas próximas semanas. O nível atual já está próximo das mínimas históricas, e a tendência de queda pode levar a novos recordes de vazante.
- Rio Negro (Manaus): Embora o rio ainda não tenha atingido a cota mínima histórica de 54 cm, os dados sugerem que, se a tendência de queda continuar, esse recorde pode ser superado até o fim de 2024.
Impactos e consequências
Os níveis extremamente baixos dos rios amazônicos têm implicações diretas para as populações ribeirinhas, a navegação e a biodiversidade da região. A vazante severa prejudica o transporte fluvial, que é essencial para o abastecimento de comunidades isoladas, e também afeta a geração de energia hidrelétrica em locais como Porto Velho, onde o rio Madeira é uma fonte crucial.
Os dados do Boletim de Alerta Hidrológico da Bacia do Amazonas indicam um cenário de recordes históricos de vazante em 2024, com vários rios já atingindo ou se aproximando de suas cotas mínimas. A previsão de pouca chuva nas próximas semanas agrava essa situação, tornando a necessidade de monitoramento contínuo e ações de mitigação ainda mais urgente. A expectativa é de que novos recordes possam ser registrados à medida que a recessão das águas continue, reforçando os desafios enfrentados pelas populações e pela gestão dos recursos hídricos na Amazônia.