Em um mundo onde a população se aproxima dos 9 bilhões de pessoas até 2050 e os extremos climáticos se intensificam como secas prolongadas, alteração no regime de chuvas, ondas de calor e a intensificação de eventos climáticos extremos estão impactando diretamente a produção de alimentos, a economia e a saúde global. Garantir o acesso a alimentos seguros, saudáveis e produzidos de forma responsável nunca foi tão urgente.
A agricultura está no centro desse desafio e é parte essencial da solução. Os efeitos das mudanças climáticas na vida de cada habitante do planeta Terra estão se tornando cada vez mais visíveis à medida que desastres extremos são observados, o mais recente ocorrido no mês de maio de 2024 no Rio Grande do Sul.
Estudos recentes da ONU alertam: até 2050, será necessário aumentar em 60% a produção global de alimentos para atender à demanda crescente. Ao mesmo tempo, mais de 30% dos solos do planeta estão degradados, afetando diretamente a capacidade de produzir. A agricultura regenerativa surge nesse cenário como um modelo viável e necessário e coloca o agricultor como um protagonista da agenda climática global. Aliás, este será um tema de debates na COP-30, que acontece no mês de novembro em Belém (PA).
Diversos estudos científicos recentes, publicados em periódicos internacionais, mostram que as mudanças climáticas já afetam a produtividade da agropecuária, o desempenho da força de trabalho, a demanda por energia e a saúde humana.
Além disso, há impactos diretos na inflação dos alimentos, com estudos da autoridade monetária da União Europeia indicando que variações na temperatura e na precipitação elevam os preços de alimentos no médio e longo prazo. Isso pressiona o orçamento familiar e acentua a insegurança alimentar, gerando consequências econômicas, sociais e até geopolíticas, como fluxos migratórios em busca de melhores condições de vida.
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O impacto do clima na oferta e demanda dos alimentos
O solo como chave da segurança alimentar e climática
Frente a esse cenário, garantir o acesso a alimentos seguros, produzidos com menor impacto ambiental e maior resiliência climática, tornou-se prioridade global. E a agricultura regenerativa desponta como uma estratégia concreta para transformar essa realidade. O campo brasileiro tem sido palco de profundas transformações. Chuvas irregulares, solos exauridos e pressões por maior produtividade colocam agricultores diante de decisões urgentes. Em meio a esse cenário, cresce a consciência de que produzir alimentos não basta: é preciso regenerar os recursos naturais para garantir o futuro da agricultura.
Produtora desenvolve projeto de agricultura regenerativa no cerrado brasileiro
A agricultura regenerativa é um modelo que não apenas conserva, mas recupera, revitaliza e transforma. Mais do que evitar danos, propõe melhorar o solo, a biodiversidade e os sistemas hídricos, devolvendo vida aos ecossistemas produtivos.
Soluções regenerativas: o exemplo da Fazenda Estância
Em Pirassununga, no interior de São Paulo, a Fazenda Estância, é exemplo de que regenerar é possível. A fazenda implementa um conjunto de boas práticas que têm transformado o perfil do solo e os resultados no campo. Assista aqui