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Há quase um século, Brasil conquistava seu primeiro ouro olímpico

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No dia 3 de agosto de 1920, nos Jogos de Antuérpia, tenente Guilherme Paraense venceu a prova de pistola de tiro rápido e entrou para a história. Um dia antes, Brasil conseguia sua primeira medalha em Olimpíadas.


Há exatos 96 anos, em 3 de agosto de 1920, Guilherme Paraense entrou para a história do esporte brasileiro ao conquistar a primeira medalha de ouro para o Brasil em Jogos Olímpicos. Militar do Exército brasileiro, com a patente de tenente, Paraense conquistou a prova de pistola de tiro rápido. O feito foi alcançado com equipamento emprestado e após longa viagem de navio.

 

Um dia antes, o também militar Afrânio Antônio da Costa se consagrou como o primeiro esportista a ganhar uma medalha olímpica para o Brasil, de prata, também no tiro esportivo nos Jogos de Antuérpia, na Bélgica. Ambos eram atletas do Fluminense, no Rio De Janeiro.

Os primeiros heróis olímpicos do Brasil também fizeram parte do time brasileiro que conquistou a medalha de bronze na competição por equipes, superando os Estados Unidos – justamente a delegação que havia emprestado as armas e balas aos esportistas brasileiros.

Viagem de navio e roubo em Bruxelas

Paraense e outros sete atletas do tiro brasileiro viajaram por conta própria para a Europa no navio Curvello e desceram em Lisboa. Eles viajaram de terceira classe, em camarotes pequenos e sem ventilação. A precariedade era tamanha, que eles decidiram dormir no chão do bar, depois que o último passageiro saísse e fosse dormir. Os treinamentos eram realizados improvisadamente no convés.

De Lisboa, eles seguiram de trem para a Bélgica, porque o navio não chegaria a Antuérpia a tempo de participarem das provas. Viajaram num trem aberto, sob chuva e sol. Ao todo, foram 27 dias de viagem. Na conexão em Bruxelas, parte das armas e a munição da equipe foram roubadas.

Apesar dos contratempos, Paraense brilhou nos Jogos de Antuérpia e garantiu a primeira medalha de ouro olímpica do Brasil. Natural de Belém e tenente do Exército formado na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, Paraense venceu a prova de pistola rápida de 25 metros acertando um tiro na mosca na prova de desempate individual, em 3 de agosto de 1920. Ele somou 274 pontos, dois a mais do que o americano Raymond Bracken, que ficou com a prata, e cinco a mais do que o suíço Fritz Zulauf, medalha de bronze.

Na volta ao Brasil, Paraense continuou a carreira esportiva como atleta do Fluminense e seguiu também a carreira militar, até deixar o Exército reformado em 1941 como tenente-coronel. Em 1968, morreu aos 83 anos, de enfarte, na cidade do Rio de Janeiro.


Primeira medalha brasileira foi de prata

Afrânio Costa, o primeiro medalhista brasileiro, somou 489 pontos na prova de pistola livre de 50 metros, realizada em 2 de agosto de 1920, o que lhe valeu a medalha de prata. A arma era uma Colt 22 emprestada pelos americanos, e Afrânio terminou à frente de Alfred Lane, mas atrás do também americano Karl Frederick. Oito anos antes, com a mesma Colt 22, Lane tinha ganhado o ouro nos Jogos de Estocolmo.

Depois de encerrar a carreira de atleta, Afrânio seguiu no esporte, como dirigente, e no Direito, como juiz. Ele foi ministro do Tribunal Federal de Recursos e chegou a ser convocado diversas vezes pelo Supremo Tribunal Federal, em Brasília, em substituição a ministros ausentes. Ele nasceu em Macaé, em 14 de março de 1892, e morreu no Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1979.

PV/abr/ots

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