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OMS retoma estudos com hidroxicloroquina contra covid-19

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Depois de a revista científica The Lancet colocar em dúvida um estudo sobre o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da covis-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira (03/06) que retomará o uso do fármaco em pesquisas por ela coordenadas em vários países.

 

A OMS paralisou as pesquisas com cloroquina e hidroxicloroquina após o estudo publicado em 22 maio levantar suspeitas de que os medicamentos aumentavam a taxa de mortalidade em pacientes com covid-19.

 

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o painel que analisa a segurança dos fármacos concluiu que "não há razão para alterar o protocolo dos estudos clínicos" e que foi recomendada a continuação das pesquisas em todas as frentes. Ele acrescentou que a organização continuará a "controlar a segurança" do uso do medicamento.

 

A autorização para retomar o uso de hidroxicloroquina e da cloroquina, usadas no tratamento da malária, será comunicada pela OMS aos pesquisadores do estudo realizado em 35 países com mais de 3,5 mil pacientes. A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, frisou, no entanto, que "não há ainda provas de que qualquer medicamento reduza a mortalidade em pacientes com covid-19" e por isso "é uma prioridade urgente continuar os estudos clínicos".

 

Swaminathan acrescentou que estudos baseados apenas na observação de pacientes, como o da The Lancet, "têm limitações" e podem ser influenciados por outros fatores, como as condições em que os pacientes são mantidos, e não somente nos medicamentos que são utilizados. A The Lancet, uma das revistas científicas mais renomadas do mundo, se distanciou do estudo que publicou sobre a hidroxicloroquina e a cloroquina. A pesquisa levou à suspensão de estudos clínicos em todo o mundo, ao apontar que os medicamentos não seriam benéficos para pacientes hospitalizados com covid-19 e poderiam até ser prejudicial.

 

A revista reconheceu na terça-feira que "questões importantes" pairam sobre o trabalho e afirma que está sendo feita uma auditoria independente dos dados utilizados. Os dados usados são da empresa Surgisphere, que se apresenta como uma empresa de análise de dados em saúde com sede nos Estados Unidos. O jornal britânico The Guardian colocou em dúvida a idoneidade da empresa, que tem apenas uma meia dúzia de funcionários, que aparentam ter pouca experiência científica, e pequena presença online. O dono da Surgisphere, Sapan Desai, é um dos autores do estudo publicado na Lancet.

 

Numa carta aberta divulgada na semana passada, dezenas de cientistas expressaram preocupação com o trabalho e disseram que um exame detalhado levantou questões de metodologia e de integridade dos dados, apontando a recusa dos autores em dar acesso total aos dados e a falta de "revisão ética". Entre os investigadores que assinaram a carta aberta está o francês Philippe Parola, colaborador em Marselha de Didier Raoult, promotor francês da hidroxicloroquina que contribuiu amplamente para popularizar esse tratamento que vem sendo promovido por líderes como Jair Bolsonaro e Donald Trump.

 

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