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Eficiência de eletrodomésticos: Brasil está lotado de falsos A

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Será que o seu eletrodoméstico economiza energia como promete?

6 min de leitura

Oferecido por

por Angélica Queiroz/ O mundo Que Queremos

Será que o seu eletrodoméstico economiza energia como promete? Saiba que o mercado brasileiro está cheio de falsos "A" no quesito eficiência energética. Entenda o problema.


No Brasil, quem compra hoje uma geladeira ou um freezer e escolhe o aparelho por ver na etiqueta do Inmetro a classificação “A”, que teoricamente demonstra o uso da tecnologia mais inteligente em termos de uso de energia, pode estar comprando “gato por lebre”. O problema é que o que se considera hoje como "A" contempla uma variedade enorme de produtos, muitos deles com baixíssimos índices de eficiência. 


Isso acontece porque o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) para os refrigeradores, que deveria auxiliar o consumidor a escolher os equipamentos que consomem menos energia, não é atualizado desde 2006. 

 


Eficiência energética e sustentabilidade

 

Eficiência energética ainda é um assunto pouco conhecido pelos consumidores. Basicamente é o parâmetro por meio do qual é possível avaliar se um aparelho eletrônico utiliza energia de forma racional, ou seja, gastando o mínimo possível para funcionar. 


Quando o assunto é refrigeradores, o atraso na atualização do programa nacional que estabelece esses parâmetros pode estar enganando o consumidor. E se um aparelho obsoleto pesa no bolso de uma pessoa, vários aparelhos obsoletos custam muito caro para o meio ambiente.


Afinal, a eficiência energética dos aparelhos encontrados dentro de todos os lares é importante para garantir melhores condições de sustentabilidade no setor elétrico. O consumo menor de energia proporcionado por equipamentos mais eficientes garante economia de água dos reservatórios das usinas hidrelétricas, evita o uso de eletricidade mais cara das usinas termelétricas e reduz as emissões de gases que causam mudanças climáticas.

 

 

A etiqueta do atraso


O PBE, coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), classifica os equipamentos, inclusive os aparelhos refrigeradores, por meio de etiquetas com faixas coloridas e letras, sendo o nível "A" a categoria que informa os produtos mais eficientes, ou seja, aqueles que consomem menos energia. Essa etiqueta é um importante guia para que o consumidor possa comparar e escolher os equipamentos mais eficientes na hora da compra.


Acontece que, como a tecnologia evolui todos os dias, essa classificação precisa ser revisada de tempos em tempos para que continue sendo um bom guia. É aí que está o problema. No Brasil, a revisão sobre os refrigeradores não acontece desde 2006. Com o atraso na atualização, quem compra um refrigerador hoje já não consegue fazer sua escolha baseada na etiqueta porque todas são “A”, as demais letras não estão sendo sequer disponibilizadas. Ou seja, o PBE está passando uma informação enganosa ao consumidor, levando-o ao erro de comprar produtos que não são os mais eficientes como se o fossem.


Manter a revisão da etiqueta vai além disso: serve para incentivar a indústria a continuar implantando avanços tecnológicos em seus produtos para destacá-los entre os concorrentes, justamente com o apelo da maior eficiência. Quando a maioria dos produtos está na classe mais eficiente (“A”), perde-se esse incentivo. Perde o consumidor e perde a economia brasileira.


Com a revisão, a etiqueta forneceria informação mais confiável ao consumidor e auxiliaria na tomada de decisão ao permitir que ele possa comparar equipamentos parecidos para optar por aqueles mais eficientes. Felizmente, o processo de revisão foi iniciado pelo Inmetro no final de 2020 e a consulta pública deve acontecer nos próximos meses. No entanto, precisamos estar atentos para o que está sendo proposto.

 

 

Como resolver o problema?


A Rede Kigali, que reúne organizações preocupadas em conscientizar a população sobre a importância da eficiência energética, alerta que a mudança, que foi apresentada pelo Inmetro em reunião com as partes interessadas, em fevereiro, pode confundir ainda mais o consumidor. O projeto prevê a adoção de uma fase intermediária de revisão que inclua subníveis de classificação dentro da categoria A (A+, A++, A+++), modelo que causou muitas dúvidas nos consumidores nos lugares onde foi adotado, como União Européia e Tailândia. Para se ter uma ideia, a União Européia adotou essa solução em 2010 e, três anos depois, os problemas foram tantos que forçaram uma nova revisão, com a retomada do esquema anterior “puro A”, atualmente em vigor. 


A Rede Kigali é composta pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), Clasp, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), International Energy Initiative (IEI Brasil), consultoria Mitsidi, Projeto Hospitais Saudáveis (PHS) e rede de jovens Engajamundo. Para esse grupo, é preciso que o Inmetro proponha  uma revisão feita imediatamente com base nos critérios mínimos do Energy Star, um padrão internacional de consumo eficiente originado nos Estados Unidos, que mantém as faixas de classificação da etiquetagem atual com letras de que vão de A a C, D ou E. Bem mais fácil de entender, não é? Então vamos ficar de olho.

 

 

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