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Onde o transporte público é gratuito na Europa

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Luta contra a mudança climática e aumento dos preços dos combustíveis está mudando a política de mobilidade na Europa. Passagem gratuita já é realidade em várias regiões

 

Transporte público em vez de carro: há muitos anos, especialistas e políticos defendem uma mudança na mobilidade urbana. Embora a luta contra o aquecimento global tenha estado em primeiro plano até agora, esse tema voltou à tona com urgência devido à invasão russa da Ucrânia. Uma economia de energia é necessária na Europa para que a dependência da Rússia no setor energético seja reduzida.

Como reação ao aumento dos preços de energia, o Parlamento alemão aprovou, entre outras coisas, um bilhete único mensal de 9 euros, que pode ser adquirido de junho a agosto. O objetivo é aliviar os cidadãos financeiramente e motivá-los a usar o transporte público.

 

O número médio de 8 milhões de passageiros por dia registrados pela companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn no ano passado provavelmente aumentará em 2022, devido ao fim de restrições impostas durante a pandemia. A dúvida que resta é se o bilhete de 9 euros irá contribuir para aumentar ainda mais esse número. Outros países da União Europeia (UE) já tiveram experiência com medidas semelhantes:

 

Luxemburgo
"Luxemburgo é o primeiro país do mundo a tornar a mobilidade gratuita", anuncia o governo luxemburguês em seu website. O pequeno ducado aboliu as passagens pagas nos transportes públicos em 1º de março de 2020. Ao contrário de outros modelos, quem não mora no país também não precisam pagar pela passagem. Com 45% da força de trabalho morando no exterior, Luxemburgo tem um número recorde de trabalhadores que não moram no país.

 

A introdução do transporte público gratuito é uma medida social importante, analisa o ministro dos Transportes de Luxemburgo, François Bausch. Segundo ele, o governo quer transformar o país, cuja população aumentou 40% em 20 anos, em "laboratório de mobilidade".

 

O Ministério da Mobilidade, porém, ainda não há números confiáveis sobre a quantidade de passageiros desde a introdução do transporte público gratuito. Medidas contra a pandemia, como lockdowns, impostos imediatamente após a mudança, distorcem as estatísticas dos primeiros meses. A gratuidade da passagem é financiada através do orçamento público, ou seja, por impostos.

 

Malta
Malta planeja introduzir o transporte local gratuito para todos os cidadãos em 1º de outubro. Isto fará de Malta o segundo país europeu a deixar de vender passagens a seus cidadãos e visitantes.

Entretanto, a medida não foi uma reação à guerra da Ucrânia. O governo anunciou o plano em outubro de 2021 durante o debate do orçamento público. Entre outras coisas, o objetivo é reduzir a dependência dos cidadãos em relação aos carros, disse à DW Bertrand Borg, editor do proeminente jornal maltês Times of Malta.

 

O projeto em Malta é financiado por impostos. Números exatos, no entanto, ainda não estão disponíveis. Todos os residentes que solicitarem um bilhete especial poderão utilizar o transporte público gratuitamente. Se os turistas solicitarem essa passagem antes de chegarem ao país, também não precisarão pagar.

 

Hasselt, Bélgica
Não só países inteiros, mas na Europa há também cidades e municípios que dão ou já deram tal passo. A cidade belga de Hasselt alcançou fama internacional principalmente ao introduzir o uso gratuito do transporte público em 1997.

 

Os cidadãos puderam andar de ônibus e trens gratuitamente até 2013, quando a prefeitura encerrou o experimento porque a longo prazo os custos ficaram muito altos.

 

Tallinn, Estônia
Na capital estoniana, Tallinn, todos os moradores da cidade não precisam pagar passagem para andar de ônibus e trens desde 2013. A administração municipal decidiu dar este passo também porque muitos não tinham mais condições de arcar com os custos do transporte durante a crise financeira. Entretanto, o projeto teve que ser subsidiado por impostos adicionais.

 

Até agora, o modelo tem funcionado sem grandes problemas. O transporte público gratuito, porém, é um tema muito controverso no país, diz a jornalista estoniana Evelyn Kaldoja. "Os usuários reclamam do longo espaçamento entre uma viagem e outra. Isto torna o sistema desinteressante para quem trabalha", diz Kaldoja.

 

Em entrevista à DW, Kaldoja salienta que o projeto não reduziu o número de carros nas ruas. "Apesar do transporte local gratuito, as pessoas que costumavam andar de carro continuam dirigindo seus veículos", diz Kaldoja. Se o tráfego de automóveis diminuiu, isso se deve mais à alta dos preços dos combustíveis, conclui.

 

Os ônibus e trens são gratuitos não apenas na capital, mas na maioria dos distritos da Estônia.

 

Dunquerque, França
Em outra cidade europeia, medidas semelhantes levaram realmente a uma redução no tráfego de carros: como em Tallinn, os cidadãos da cidade francesa de Dunquerque podem usar o transporte público gratuitamente desde 2018.

 

De acordo com um estudo realizado alguns meses após a introdução da tarifa zero, houve uma redução no trânsito de carros: embora dois terços dos entrevistados antes dependessem de seus automóveis, metade disse que agora usa ônibus com muito mais frequência do que antes. Aproximadamente 5% dos moradores até mesmo disseram ter vendido seu carro ou decidiram não comprar um segundo por causa do transporte gratuito.

 

Ilhas dinamarquesas
Em algumas ilhas dinamarquesas, o transporte público gratuito por um tempo determinado foi introduzido por motivos econômicos.

 

Lina Holm-Jacobsen, coordenadora de imprensa e marketing da VisitDenmark, disse à DW que a medida fazia parte do programa de apoio do governo dinamarquês para impulsionar o turismo após os lockdowns causados pela pandemia. No verão europeu de 2020 e 2021, a travessia para as ilhas dinamarquesas foi gratuita para os passageiros sem carro. Além disso, os preços dos bilhetes foram significativamente reduzidos durante a temporada de verão.

 

A balsa gratuita não está mais disponível este ano, mas os visitantes ainda podem se beneficiar de preços reduzidos no transporte público local.

 

Este conteúdo é uma obra originalmente publicada pela agência alemã DW. A opinião exposta pela publicação não reflete ou representa a opinião da Climatempo ou de seus colaboradores.

 

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