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Em um mundo cada vez mais aquecido, não são apenas as temperaturas terrestres que sobem, mas também as dos oceanos, trazendo consigo consequências para a vida marinha. Uma dessas vítimas, a baleia jubarte, conhecida por suas majestosas exibições aquáticas e melodiosas canções subaquáticas, enfrenta uma ameaça que coloca em risco sua própria sobrevivência: a fome causada por ondas de calor marinhas.
Imagem: GettyImages
A história de Festus, uma baleia jubarte avistada pela primeira vez em 1972 na costa do Alasca, ilustra tragicamente essa realidade. Por décadas, Festus retornou todos os verões para se alimentar nas águas frias e ricas em nutrientes do Pacífico Norte. Contudo, em 2016, seu corpo foi encontrado sem vida, vítima da fome provocada pela onda de calor marinha mais extrema já registrada. Esse evento não foi isolado. Entre 2013 e 2021, a população de jubartes no Pacífico Norte sofreu uma redução de 20%, equivalente a cerca de 7.000 baleias desaparecidas, um declínio significativamente atribuído à escassez de alimentos decorrente das águas anormalmente quentes.
Essas ondas de calor não apenas diminuem a disponibilidade de nutrientes essenciais para o fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha, mas também desencadeiam uma reação em cadeia que afeta desde sardinhas até aves marinhas e leões marinhos. Para as baleias jubarte, cuja dieta é adaptável mas dependente da abundância do ecossistema, a redução na produtividade oceânica representa um grave risco à sua sobrevivência e capacidade reprodutiva.
A recuperação notável das jubartes após a proibição da caça comercial na década de 1980 demonstra a resiliência desses gigantes marinhos. Contudo, o impacto das ondas de calor marinhas sugere um desafio imenso, talvez insuperável, imposto pelas mudanças climáticas.
