Saber o que é o clima vai muito além do que vemos na previsão do tempo. O clima é o conjunto de condições atmosféricas médias de um lugar ao longo de um período como temperatura, umidade e chuvas.
Isso influencia diferentes setores como agricultura e economia, por exemplo.
Mas por que o clima muda tanto de um lugar para outro? E como os meteorologistas conseguem estudá-lo com tanta precisão?
A resposta está na combinação única de elementos como temperatura e umidade com fatores geográficos, como latitude e relevo.
Este artigo vai desvendar como esses componentes interagem, mostrando como esse conhecimento permite entender notícias sobre o planeta e tomar decisões mais conscientes no seu dia a dia.
Vamos juntos?
Diferença entre tempo e clima
Clima e tempo não são a mesma coisa — embora muita gente use os termos como sinônimos.
- O tempo pode mudar de hora em hora, de dia para dia, de mês para mês ou até mesmo de ano para ano.
- Já o clima representa o comportamento dessas condições ao longo de um longo período, revelando os padrões típicos de uma região.
Por exemplo: hoje está chovendo (tempo), mas o clima da região é semiárido.
Para se ter ideia, a climatologia, ciência que estuda o clima, considera médias de cerca de 30 anos para definir as características de um local.
Essa análise de longo prazo ajuda a entender variações, prever tendências e planejar atividades que dependem das condições atmosféricas.
Veja neste vídeo, na prática, como diferenciar os dois e nunca mais errar.
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Como o clima é definido e estudado
O clima é definido como o comportamento médio das condições atmosféricas em um local ao longo de décadas — ou seja, não é apenas “como está hoje”, e mais como “costuma ser”.
Cientistas usam uma série de dados para descrevê-lo, analisando médias e variáveis como temperatura, umidade, precipitação, radiação solar, pressão atmosférica e o vento.
Para estudar o clima, institutos de pesquisa coletam e monitoram essas variáveis através de estações meteorológicas terrestres, modelos climáticos complexos e satélites, como mostra a figura abaixo.
Chamada NISAR, é equipada com a maior antena refletora já lançada pela NASA para rastrear desastres e efeitos das mudanças do clima do planeta.

Fatores que influenciam o clima
O clima de uma região é moldado por diferentes fatores geográficos e ambientais que agem sobre os elementos do clima como temperatura, umidade, precipitação, radiação solar e ventos.
São esses fatores que explicam por que regiões tão próximas podem ter climas muito diferentes.
Ao longo deste capítulo você verá como cada um deles atua de maneira distinta.
Latitude: quanto mais próximo do Equador, mais quente
A latitude é a distância, em graus, de um ponto do planeta até a Linha do Equador, que determina a incidência de radiação solar.
Por isso, regiões equatoriais costumam ter climas quentes e pouca variação térmica ao longo do ano, enquanto latitudes maiores registram temperaturas mais baixas e maiores amplitudes térmicas.
Na prática, como isso funciona?
A região Norte do Brasil, por estar próxima à Linha do Equador, apresenta climas quentes e úmidos, levando até o nome de clima equatorial.

Incidência solar no hemisfério norte e sul
Altitude: quanto maior a altitude, menor a temperatura
A altitude nada mais é do que a distância vertical, em metros, entre determinado local e o nível do mar.
Ela age através da pressão atmosférica, que é menor em áreas elevadas. É essa relação entre altitude e pressão que irá impactar na temperatura do local, pois quanto maior a altitude, menor a pressão e a temperatura.
Na prática, como isso funciona?
No Brasil, as áreas serranas do Sudeste (regiões acima de 800 metros de altura) têm a média de temperatura mais baixa, mesmo estando em latitudes tropicais.
Maritimidade e continentalidade: proximidade ou distância do oceano afeta a umidade e a amplitude térmica
A maritimidade e a continentalidade são fatores climáticos relacionados à localização de uma região em relação aos oceanos e atuam sobre a temperatura devido à umidade do ar.
Em outras palavras, é quando uma região está próxima ao mar e tende a apresentar maior umidade e menor amplitude térmica entre dia e noite ou entre as estações.
Já a continentalidade é quando a região está no interior dos continentes e tem maior amplitude térmica registrada diariamente ou anualmente devido à menor influência dos oceanos.
Na prática, como isso funciona?
A região litorânea tende a apresentar clima mais úmido e variação térmica menor, enquanto o interior continua quente ou seco com maiores oscilações.
Relevo: influencia ventos e formação de nuvens
O relevo, composto de montanhas, vales e planaltos, interfere diretamente no percurso dos ventos, na subida ou descida de massas de ar, impactando a distribuição de chuvas e temperaturas.
Na prática, como isso funciona?
A região de serra atua como uma barreira que bloqueia nuvens carregadas, reduzindo as chuvas em certas áreas, enquanto encostas voltadas ao vento dominante podem receber mais chuva.
Correntes marítimas: alteram temperatura e umidade das regiões litorâneas
As correntes oceânicas transportam água quente ou fria e com ela calor e umidade, o que impacta diretamente o clima costeiro.
Uma corrente fria próxima à costa pode reduzir as temperaturas e a umidade do ar em comparação com uma corrente quente — e isso modifica a vegetação, a precipitação e até os ventos da região.
Na prática, como isso funciona?
Na costa leste do Brasil, a Corrente do Brasil transporta águas aquecidas do Atlântico (Amoc) em direção ao litoral brasileiro, fornecendo mais umidade para as massas de ar sobre o continente e favorecendo a formação de chuvas no leste do país.
Veja na imagem abaixo como ela se comporta.

Mapa da Corrente do Brasil
Cobertura vegetal: interfere na umidade e no microclima local
A presença ou ausência de vegetação é um fator que afeta a umidade do ar devido à transpiração das plantas, à temperatura local (pela sombra e evaporação) e ao microclima de uma área.
Florestas densas podem reforçar a umidade e moderar temperaturas enquanto áreas desmatadas ou desertificadas tendem a ter climas mais secos e com maiores variações térmicas.
Na prática, como isso funciona?
A Floresta Amazônica ajuda a manter alta umidade e chuvas regulares em sua região, o que impacta também massas de ar que se deslocam para outras regiões do Brasil.

Rio Amazonas
Classificações climáticas
A classificação científica dos climas busca agrupar os diferentes padrões de clima observados no planeta com base em variáveis como temperatura e precipitação.
O sistema mais utilizado é a Classificação de Köppen-Geiger, que divide as regiões em grupos básicos de clima identificados pelas letras maiúsculas A, B, C, D e E (como tropical, seco, temperado) e subtipos.
No Brasil, essa variedade se traduz em uma das maiores diversidades climáticas do mundo, destacando-se como tema relevante para entender nosso território.
Vamos entender a seguir como cada região do país se encaixa em cada grupo desta classificação:
- Grupo A – Tropical/Equatorial: regiões com temperatura média mensal acima de 18 °C e grande quantidade de chuva. Exemplo: Belém (PA) e regiões do Norte em geral.
- Grupo B – Seco (árido ou semiárido): baixa precipitação, evaporação elevada. No Brasil, destaque para o semiárido nordestino. Exemplo: Juazeiro (BA) e Petrolina (PE).
- Grupo C –Temperado: regiões com inverno mais definido, temperaturas médias menores em certas épocas do ano. Exemplo: Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS).
- Outros grupos (D e E) envolvem climas continentais e polares, praticamente inexistentes ou muito restritos no Brasil.
Mudanças climáticas e variações naturais
As mudanças climáticas se referem a alterações de longo prazo nos padrões típicos do clima — como aumento da temperatura média global ou mudanças persistentes nas chuvas — frequentemente impulsionadas por atividades humanas.
Já a variabilidade natural inclui flutuações esperadas no sistema climático — como os fenômenos El Niño e La Niña — que alteram temporariamente padrões de temperatura e chuva.
No Brasil, por exemplo, os eventos El Niño e La Niña podem provocar secas prolongadas no Norte e Nordeste ou chuvas intensas no Sul.
Veja na imagem abaixo como esses fenômenos ocorrem:

El Niño e La Niña
Em paralelo, já estão sendo observados os efeitos claros das mudanças climáticas: aumento de temperaturas médias, eventos extremos mais frequentes como enchentes e secas, e uma necessidade crescente de monitoramento e previsões de longo prazo para orientar decisões — tanto do setor público quanto privado.
A seguir vamos ver isso com mais detalhes.
Como o clima afeta a vida das pessoas
O clima influencia desde o que comemos até se conseguimos viajar, trabalhar ou descansar com conforto.
Em setores econômicos do Brasil como agricultura, energia, saúde e turismo, as variações climáticas — temperatura, umidade, precipitação — determinam tanto riscos quanto oportunidades.
Por isso, entender e antecipar essas variações é importante para planejar o cotidiano e até reduzir possíveis riscos.
- Agricultura: Regiões com clima seco enfrentam maior risco de queimadas e perdas de safra, enquanto em regiões úmidas há maior potencial para alagamentos e deslizamentos que interrompem culturas e infraestrutura.
- Energia: o abastecimento hidrelétrico ou de outras fontes renováveis depende do regime de chuvas e temperaturas médias, o que torna o monitoramento climático vital.
- Saúde: O aumento da umidade ou o calor extremo favorece o aparecimento de doenças respiratórias e doenças como a dengue e agrava condições pré-existentes.
- Turismo: Zonas costeiras ou de montanha convivem com climas que ditam a alta ou baixa temporada, afetando hospedagens, passeios e economia local.
Acompanhe o clima da sua região com o Climatempo
O clima é o resultado de um conjunto complexo de fatores naturais — desde a latitude e altitude até a cobertura vegetal e correntes oceânicas.
Estes elementos combinados moldam o padrão climático de uma região e sofrem variações ao longo do tempo.
Acompanhe a previsão do tempo da sua cidade para observar na prática como isso ocorre.
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