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Um bioplástico feito a partir da castanha-do-Brasil

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6 min de leitura

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Por Angélica Queiroz (O Mundo que Queremos)

 

Uma parceria entre comunidades locais, empresas, organizações e pesquisadores de universidades promete impulsionar a bioeconomia na Amazônia. Trata-se do projeto Bioplástico, cujo objetivo é desenvolver e produzir, em escala de produção comercial, um tipo especial de plástico composto parcialmente por fibras do ouriço da castanha-do-Brasil. Com isso, a tecnologia pretende responder a um dos maiores desafios ambientais contemporâneos, que é o uso de plástico derivado do petróleo. 

 

 

Bioplástico feito a partir de castanha-do-Brasil promete impulsionar economia na Amazônia (Foto: Getty Images)

 


Desenvolvido por um grupo de pesquisadores, a versão sustentável do polipropileno vem sendo elaborada a partir de matéria proveniente do ouriço da castanha, uma espécie de coco que armazena as amêndoas de castanha, considerado um resíduo ainda sem aproveitamento dentro da cadeia produtiva. O material poderá ser aplicado em uma ampla variedade de produtos finais, como protetores, embalagens, tampas, entre outros.


A produção de bioplástico não só colabora com a conservação dos biomas como também com o desenvolvimento socioeconômico das comunidades amazônicas envolvidas na coleta e preparação do material. Estima-se a geração de R$ 4,8 milhões em renda para as comunidades envolvidas, dentro de um faturamento total de R$ 20 milhões nos três anos iniciais de comercialização, assim como uma redução significativa de mais de 300 toneladas de emissão de CO2 nesse período.

 

Em uma estimativa conservadora, o novo plástico poderá substituir até 18% da produção de polipropileno convencional, já no 3º ano de sua chegada ao mercado.


A iniciativa foi criada em 2022 pela World-Transforming Technologies (WTT), com trabalho de campo, pesquisa e articulação entre organizações. Por meio do suporte financeiro do Fundo JBS pela Amazônia (FJBSA) e do Programa Prioritário em Bioeconomia (PPBIO), política pública da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), coordenada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam).


Os organizadores explicam que, enquanto o Idesam dedicou-se a mapear a cadeia produtiva adequada para a produção do bioplástico, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) esteve focada na pesquisa e desenvolvimento das formulações do novo material, de modo a garantir que ele atenda às demandas técnicas e econômicas da indústria

 

“Foi na cadeia produtiva da castanha que identificamos uma maior segurança de produção, de sustentabilidade ambiental e de retorno para as comunidades. Sabemos que essa iniciativa vai funcionar e trazer retorno para as comunidades ribeirinhas que já trabalham com castanha”, afirma Marcus Biazatti, coordenador técnico do Idesam.

 

Ao todo, cinco comunidades do município de Lábrea, no interior do Amazonas, estão envolvidas nessa etapa inicial de coleta e beneficiamento, havendo mais de 30 interessadas em integrar o projeto. 


“Esse projeto é interessante pelo fato de estarmos unindo quatro vertentes nesse esforço: a academia, o governo, a indústria e a comunidade. É um exemplo claro do conceito da hélice quádrupla de inovação”, afirma Roger Bello, professor do curso de Engenharia de Materiais da UEA e coordenador de pesquisa do projeto.

 

“É nessa colaboração entre cientistas extraordinários, comunidades e indústria que está a mágica do projeto, cujo intuito é gerar impacto positivo para os povos da Amazônia e para o meio ambiente”, reforça Andre Wongtschowski, diretor de Inovação da WTT. 


O projeto está em seu primeiro ano de desenvolvimento e, no cenário da indústria, já estabeleceu uma parceria estratégica e operacional para a produção em escala comercial do bioplástico com a TutiPlast, empresa localizada no Polo Industrial de Manaus e que há 25 anos atua em soluções de injeção plástica. 


"O desenvolvimento de pesquisas voltadas para bioprodutos valoriza a sociobiodiversidade da Amazônia, gera valor para negócios comunitários da floresta em pé e leva a matéria-prima local para a indústria em escala. Isso é fundamental para a geração de renda local e inclusão social", destaca Joanita Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia.


Os próximos passos do projeto envolvem a instalação de maquinário e a consolidação do galpão para o processamento inicial do ouriço em uma associação de produtores agroextrativistas no município de Lábrea, assim como a validação da logística de transporte para Manaus. No âmbito das pesquisas científicas, as etapas de tratamento químico superficial do ouriço, que envolvem o processo de branqueamento da fibra, e as análises microscópicas de grânulos, caminham para a reta final. A previsão é de que os trabalhos sejam concluídos no início de 2024.

 

 

 

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