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Brasília está tendo o dezembro mais chuvoso dos últimos 7 anos

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Foto: Istock

Por Fabiene Casamento

 

Brasília(DF) acumulou 311,3mm de chuva em dezembro de 2021, até às 09 horas do dia 25/12/2021. O que corresponde a 28,9% a mais da sua Climatologia de dezembro, que é de 241,5mm. Além disso, esse é o dezembro mais chuvoso dos últimos 7 anos na cidade. Desde 2014, quando registrou 336,7mm de chuva. Fonte: estação convencional do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

 

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Acumulado de chuva de dezembro em Brasília desde o ano de 2000. Fonte: INMET

 

 

Essas chuvas no Distrito Federal, de maneira geral, têm relação com a formação de corredores de umidade que vem da Amazônia e mais de instabilidades em altitude que se formaram ao longo desse mês de dezembro. Esses corredores de umidade mais persistentes, que acabam inclusive se tornando ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), dependendo da sua formação e respeitando critérios, são comuns durante essa época do ano, na Primavera e Verão (aliás, essa estrutura também é conhecida como Monção da América do Sul) e ocorrem por um número maior de vezes durante anos de La Niña. Sua posição tem relação também com o Oceano Atlântico, na altura da costa Brasileira e a Oscilação Madden Jullian, aliás dependendo da fase dessa oscilação a ZCAS tem uma maior facilidade em se desenvolver.

 

No caso do Oceano Atlântico, há um forte gradiente de temperatura na altura entre a costa do Sudeste e do Nordeste Brasileiro, o que faz com que a frente fria fique mais estacionada nessa região e ajude a canalizar por mais tempo a umidade oriunda da Amazônia. Já quando a fase da Oscilação de Madden Julian (MJO) está em 4, 6 e 7 é o que favorece mais a formação desses sistemas, aliás nas últimas duas fases são as que favorecem mais na sua formação. Como a de agora, que está na fase 7 e com intensidade forte (conforme indicado abaixo, fora do circulo). Aliás, a MJO costuma ficar mais forte, em anos neutros ou em anos fracos dos fenômenos La Niña ou El Niño, ou durante a transição de mudança dos fenômenos, entre La Niña para el Niño. Porém, neste caso, é que no momento, ainda o fenômeno La Niña está fraco.

 

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Diagrama de fases da Oscilação de Madden Julian (MJO) . Fonte Noaa (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional)

 

Veja também: La Niña: o que é e quais os impactos no setor elétrico

Qual o papel da Oscilação de Madden-Julian na crise hídrica?

 

A oscilação de Madden Julian (MJO) é uma escala intra-sazonal e é um deslocamento para leste de uma célula zonal de grande escala termicamente direta num período entre 20 e 60 dias, que causa variações na convecção tropical. E ela começa sempre pela região do Oceano Índico. Os cientistas, quando estudaram as ligações deste fenômeno de escala global na distribuição e intensidade das chuvas tropicais, descobriram que o MJO contribui também na posição e intensidade das áreas de alta pressão subtropical e correntes de jato de latitudes médias. Além disso, afeta nas monções pelo mundo e na intensificação e formação de ciclones tropicais.

 

Chuvas neste  mês ajudou a elevar o nível do Reservatório no DF

 

Por conta das chuvas acima da média que estão ocorrendo no Distrito Federal este ano, bem acima da média, se comparados com o mesmo período do ano passado, ajudou a elevar ainda mais o nível dos reservatórios. Que na mediação no Natal, dia 25 de dezembro de 2021 era de 72,1%, o maior valor desde 06 de setembro de 2021, quando apresentou 72,2% de volume útil, de acordo com os dados do Adasa (Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal).

 

 

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Anomalia de chuva (diferença entre a climatologia da chuva do mês e a  chuva acumulada no mês observado) em dezembro de 2021

 

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Anomalia de chuva (diferença entre a climatologia da chuva do mês e a  chuva acumulada no mês observado) em dezembro de 2020

 

 

Previsão do tempo para os próximos dias no Distrito Federal e proximidades


Nos próximos dias são esperados mais chuvas para o Distrito Federal e em Goiás (GO), devido à circulação dos ventos em altitude, da presença de cavados nos níveis médios e altos da atmosfera, do calor e mais a alta umidade do ar.

Lembrando que o cavado é causado pelas ondulações atmosféricas, neste caso em baixos níveis, onde relativamente há uma região alongada de uma relativa baixa pressão num plano horizontal. E o termo relativa se deve às linhas de pressão (isóbaras) que não se fecham.

Destaca-se que a partir do dia 28 de dezembro, próxima terça-feira, as chuvas vão começar a ganhar mais força na região do Distrito Federal, pois irá organizar um novo corredor de umidade, e trará chuvas bem volumosas. Ainda estamos monitorando se irá ou não se formar uma nova Zona de Convergência Intertropical (ZCAS) a partir do dia 29 de dezembro. Mesmo assim, até o início da próxima quinta-feira (30) são esperados entre 50 e 200mm de chuva só no Distrito Federal.
Porém, o grande destaque são nos pontos do nordeste do Mato Grosso, do sudeste do Pará, do sul e norte de Tocantins, do norte e centro de Goiás, do norte e noroeste de Minas Gerais, e no oeste e leste da Bahia, que podem receber volumes de chuva na ordem de 300mm, conforme indica a imagem em roxo e rosa na previsão do modelo numérico WRF.

 

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Previsão de acumulado de chuva entre os dias 25/12/2021 e 29/12/2021  Modelo GFS. (Global Forecast System)

 

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Previsão de acumulado de chuva entre os dias 25/12/2021 e a manhã do dia 30/12/2021. Modelo WRF. ( Weather Research and Forecasting)
 

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Previsão de acumulado de chuva entre os dias 30/12/2021 e 03/01/2022. Modelo GFS. (Global Forecast System)

 

 

 

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